Sustentabilidade

Créditos de Carbono: um novo aliado no combate às mudanças climáticas

Entenda como o mercado de créditos de carbono pode impulsionar empresas, combater as mudanças climáticas e gerar novas oportunidades de negócios

O que você vai aprender neste artigo

  • O que são créditos de carbono e como eles funcionam.
  • O papel dos créditos de carbono no combate às mudanças climáticas.
  • Benefícios de adotar estratégias de compensação de emissões para empresas.
  • O panorama do mercado de carbono no Brasil e no mundo.
  • Como a sua empresa pode se beneficiar dessa tendência global.

Introdução

As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios do século. Em resposta, governos, empresas e organizações ao redor do mundo têm buscado maneiras de reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE) e minimizar os impactos ambientais. Nesse contexto, os créditos de carbono surgem como uma ferramenta essencial para impulsionar a sustentabilidade e transformar práticas empresariais.

Se você está buscando formas de alavancar sua empresa enquanto contribui para um futuro mais sustentável, este artigo é para você. Vamos explorar como os créditos de carbono funcionam, seus benefícios e como sua empresa pode participar desse mercado promissor.

O que são Créditos de Carbono?

Créditos de carbono são certificados que representam a redução de uma tonelada de dióxido de carbono (CO₂) ou gases equivalentes de efeito estufa na atmosfera. Esses créditos surgiram como uma resposta ao aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e à necessidade de mecanismos de mercado para combater as mudanças climáticas. Sua origem está ligada aos esforços globais para reduzir as emissões e incentivar práticas sustentáveis. Esses créditos são gerados por projetos que evitam ou removem emissões, como reflorestamento, energia renovável ou gestão de resíduos. Entenda as origens e contexto desses certificados: 

  1. Protocolo de Kyoto (1997)
    O conceito de créditos de carbono foi formalizado no Protocolo de Kyoto, um tratado internacional assinado em 1997 e que entrou em vigor em 2005. Esse protocolo estabeleceu metas de redução de emissões para países desenvolvidos e criou mecanismos de mercado para facilitar o cumprimento dessas metas.
  2. Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL)
    Um dos principais instrumentos do Protocolo de Kyoto foi o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que permitia que países desenvolvidos investissem em projetos sustentáveis em países em desenvolvimento e, em troca, recebessem créditos de carbono. Esses créditos podiam ser usados para compensar emissões internas ou comercializados no mercado internacional.
  3. Mercados de Carbono
    Com o tempo, diferentes sistemas de comércio de emissões surgiram ao redor do mundo, incluindo:
  4. Acordo de Paris (2015)
    O Acordo de Paris, adotado em 2015, reforçou a importância dos mercados de carbono como ferramenta para limitar o aquecimento global a menos de 2°C. Diferente de Kyoto, o Acordo de Paris inclui todos os países e permite maior flexibilidade na negociação de créditos de carbono.

Empresas ou organizações que emitem GEE podem adquirir créditos de carbono para compensar suas emissões, promovendo o equilíbrio ambiental. O processo de créditos de carbono segue um fluxo estruturado, desde a geração até a compensação das emissões por empresas. Abaixo estão as etapas detalhadas:

1. Projeto Sustentável (Geração de Créditos)

Empresas, governos ou organizações desenvolvem projetos que reduzem ou removem emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Exemplos de projetos:

  • Energias renováveis (solar, eólica, biomassa)
  • Reflorestamento e preservação de florestas
  • Gestão sustentável de resíduos
  • Eficiência energética em processos industriais

2. Certificação por Entidades (Validação do Crédito)

Os projetos passam por auditorias e certificações para garantir que a redução de emissões seja real e quantificável. Entidades certificadoras reconhecidas:

  • Gold Standard
  • Verra (VCS - Verified Carbon Standard)
  • Clean Development Mechanism (CDM) (ONU)

As entidades validam quantas toneladas de CO₂ foram efetivamente reduzidas ou removidas da atmosfera, emitindo os créditos de carbono correspondentes.

3. Venda de Créditos (Mercado de Carbono)

Os créditos de carbono certificados podem ser vendidos para empresas que precisam compensar suas emissões. Existem dois principais mercados:

  • Mercado Regulamentado: Obrigatório para empresas em países com metas climáticas definidas por lei.
  • Mercado Voluntário: Empresas e indivíduos compram créditos por iniciativa própria para melhorar sua pegada ambiental.

Plataformas onde os créditos são comercializados:

  • Bolsa de Valores (Ex.: European Union Emissions Trading System - EU ETS)
  • Mercados voluntários (Ex.: Climate Action Reserve, Gold Standard Marketplace)
  • Startups como a Moss

4. Empresas com Emissões (Compensação de Carbono)

Empresas que possuem emissões inevitáveis de CO₂ (como indústrias, companhias aéreas, e grandes corporações) compram créditos de carbono para compensar sua pegada de carbono. Benefícios para empresas:

  • Atender regulamentações ambientais
  • Melhorar imagem e reputação corporativa
  • Atrair investidores e consumidores sustentáveis
  • Acesso a mercados internacionais com exigências ambientais

5. Neutralização das Emissões (Balanço de Carbono)

Os créditos adquiridos pelas empresas são "aposentados" para neutralizar emissões específicas.
Isso significa que a empresa declara que compensou uma quantidade correspondente de CO₂ emitida.Exemplos de empresas que adotam compensação:

  • Google e Microsoft (compensação de carbono para neutralidade climática)
  • Companhias aéreas que oferecem compensação voluntária para passageiros
  • Indústrias de alta emissão que precisam cumprir metas de descarbonização

Por que os Créditos de Carbono são importantes?

Os créditos de carbono ajudam a financiar iniciativas ambientais e a compensar emissões inevitáveis. Eles desempenham um papel crucial no combate às mudanças climáticas, contribuindo para:

1. Compensação das emissões de gases de efeito estufa

  • Os créditos de carbono permitem que empresas e países compensem suas emissões, apoiando projetos sustentáveis que evitam ou removem CO₂ da atmosfera.
  • São uma alternativa viável para empresas que enfrentam desafios na redução direta de suas emissões.

2. Incentivo a Projetos Sustentáveis

  • O mercado de carbono financia iniciativas ambientais, como reflorestamento, energias renováveis, captura de carbono e eficiência energética.
  • Proporciona recursos para países em desenvolvimento implementarem soluções climáticas inovadoras.

3. Atingir Metas de Sustentabilidade

  • Empresas e governos utilizam os créditos de carbono para cumprir metas de descarbonização, como as estabelecidas no Acordo de Paris.
  • Setores difíceis de descarbonizar, como aviação e indústria pesada, podem compensar suas emissões enquanto investem em novas tecnologias.

4. Cumprimento de Regulamentações

  • Em vários países, há mercados regulados de carbono, onde as empresas são obrigadas a comprar créditos para compensar suas emissões.
  • No Brasil, por exemplo, a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) em 2024 estabelece um mercado regulado para emissões.

5. Vantagem Competitiva e Acesso a Mercados

  • Empresas sustentáveis ganham reputação positiva e preferência entre consumidores e investidores.
  • Cadeias de suprimentos globais estão exigindo padrões ambientais rigorosos, tornando a compensação de carbono um diferencial estratégico.

6. Estímulo à Inovação e Novas Tecnologias

  • O mercado de carbono incentiva investimentos em captura e armazenamento de carbono (CCUS), hidrogênio verde e soluções baseadas na natureza.
  • Gera novas oportunidades de negócios no setor de energia renovável e biocombustíveis.

O Mercado de Créditos de Carbono no Brasil

O Brasil é um dos protagonistas no mercado de carbono devido à sua vasta biodiversidade e recursos naturais. Segundo a Mckinsey & Company, o Brasil concentra 15% do potencial global de captura de carbono por meios naturais. A Mckinsey estima que o  mercado de créditos deve saltar de USD 1 bi atuais para 50 bi em 2030. Projetos de reflorestamento na Amazônia, recuperação de biomas e expansão de energias renováveis têm gerado grande quantidade de créditos de carbono. Destaques:

  • Potencial florestal: O Brasil possui uma das maiores áreas de floresta tropical do mundo, crucial para projetos de carbono.
  • Legislação favorável: A criação do Mercado Regulamentado de Carbono Brasileiro em 2022 impulsionou novas oportunidades para empresas nacionais.
  • Setores beneficiados: Energia renovável, agricultura sustentável e manejo de resíduos são setores estratégicos no país.

Em antecipação à COP30, programada para ocorrer em Belém em novembro de 2025, o Brasil tem acelerado os esforços para estabelecer um mercado regulado de carbono. Em novembro de 2024, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que define as regras para esse mercado, aguardando apenas a sanção presidencial para se tornar lei. A proposta prevê dois tipos de mercados de créditos de carbono: um regulado, com limites de emissões para setores específicos da economia, e um voluntário. A implementação desse sistema é vista como crucial para alinhar o país às práticas globais de mitigação das mudanças climáticas e fortalecer sua posição como anfitrião da próxima conferência climática.

Benefícios dos Créditos de Carbono para Empresas

Adotar estratégias de compensação de carbono oferece vantagens significativas para empresas:

  • Imagem de marca: Empresas que investem em sustentabilidade ganham a confiança de consumidores e investidores.
  • Acesso a novos mercados: Muitas cadeias de suprimento globais exigem metas ambientais claras de seus parceiros.
  • Economia e eficiência: Projetos de compensação podem reduzir custos operacionais ao promover eficiência energética e uso racional de recursos.
  • Conformidade regulatória: Empresas que se antecipam às regulamentações ambientais estão mais preparadas para desafios futuros.

Para integrar créditos de carbono à estratégia da sua empresa, é importante seguir estas etapas: 

1. Avaliação da Pegada de Carbono

  • Identifique e quantifique as emissões de gases de efeito estufa (GEE) da sua empresa.
  • Utilize ferramentas como o GHG Protocol, The Nature Conservancy, ou contrate consultorias especializadas para realizar o cálculo.

2. Definição de Metas de Sustentabilidade

  • Estabeleça objetivos claros, como neutralidade de carbono até 2030 ou redução de 50% das emissões em 5 anos.
  • Determine quais emissões podem ser reduzidas internamente e quais precisarão ser compensadas com créditos de carbono.

3. Implementação de Medidas de Redução de Emissões

  • Adote soluções sustentáveis, como energia renovável, eficiência energética, economia circular e transporte limpo.
  • Priorize mudanças operacionais antes de comprar créditos de carbono.

4. Compra de Créditos de Carbono para Compensação

  • Escolha créditos certificados por padrões reconhecidos, como Gold Standard, Verra (VCS) ou ART TREES.
  • Compre créditos de projetos alinhados com os valores da sua empresa, como reflorestamento, energia renovável ou captura de carbono.

5. Comunicação e Engajamento

  • Divulgue as ações da empresa em relatórios ESG, sites e redes sociais.
  • Compartilhe com clientes e investidores os resultados de sua estratégia ambiental.
  • Engaje clientes, fornecedores e investidores em práticas sustentáveis.

6. Monitoramento e Melhoria Contínua

  • Reavalie regularmente sua pegada de carbono e ajuste suas estratégias conforme necessário.
  • Explore novas oportunidades no mercado de carbono, como créditos de carbono gerados internamente.

Conclusão

Com a crescente urgência climática e novas regulamentações, o mercado de créditos de carbono continua a evoluir, agora com um foco maior na transparência, credibilidade e impacto real na redução das emissões. Novas iniciativas, como a regulamentação do mercado brasileiro de carbono e o acordo global sobre créditos de carbono firmado na COP29 em 2024, demonstram que essa ferramenta continua sendo uma peça-chave na luta contra as mudanças climáticas.

Vale ressaltar que os créditos de carbono não são apenas uma solução para o combate às mudanças climáticas; são também uma oportunidade para empresas inovarem, conquistarem mercados e se posicionarem como líderes em sustentabilidade. Com um mercado em crescimento e o Brasil como um dos grandes players globais, o momento para investir é agora.

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Publicado em 04 de fevereiro de 2025

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